quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Dança dos Bonecos

1984

Sob a direção de Helvécio Ratton, fimávamos A Dança dos Bonecos, em Biri-Biri, em que uma equipe de umas 150 pesssoas viviam numa cidade sem qualquer infraestrutura e dependíamos de absolutamente tudo para sobreviver, Imaginem o custo dia dessa produção... E então estava tudo pronto pra filmar; até que a verdade aparece:

- O produtor do filme, sócio do Grupo Mineiro De Cinema, Tarcisio Vidigal e do supermercado São Lucas não comprou filme para a filmagem.

Como?

Por quê?

Ele tinha investido a grana no overnight.

Dava muito mais dinheiro.

Triste, mas era a verdade da acumulação do capital na época da inflação.

Em 1986, minha filha número 2: Laura Potter Bicalho Pessoa, estava comigo na sala de parto e assisti, antes dela nascer o lançamento do plano Cruzado e acreditei nele.

Nada mudou.

1989 - Collor ganha as eleições e acreditando que com isso acabará com a inflação confisca a poupança do povo brasileiro acreditando que assim acabará com a inflação

http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Collor

1994

Só com o Plano Real o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso consegue fazer a maior revolução no Brasil. Com o Plano Real, que o PT votou contra, mas com o ano Real o FHC acabou com a maior concentração de renda jamais vista no país.

Até hoje penso que deve ter gente que apoiou o PT or ter visto sua fonte de rendas canalha ter desaparecido.

2014

A inflação cresce e aqueles que ganhavam com a inflação no tempo do overnight agradecem.

Boa noite e votem com consciência no domingo

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Minério de ferro

A cena se passa numa casa que só em Minas Gerais. Chão de vermelhão encerado e duas portas grandes abertas prum entardecer dourado. Uma mesa de centro comprida junto ao fogão de lenha. Sobre a mesa um isqueiro. Eu o pego nas mãos e o Lulu diz que é igual ao de papai: Celso Renato. Comprado num site super legal. Sim, eu me lembro. Aquele que vinha embrulhado num papel colorido, com uns hominhos. Ele responde, sim, com os hominhos. Mas tem o catálogo. A imagem fecha no isqueiro. Tipo esse: http://oamigodascanetas.blogspot.com.br/2012/09/caneta-esferografica-addex-americana.html
O entalhe no isqueiro era a consubstanciação do passado. Lulu, Celso Renato, Papai. Alguém precisava de ser olhado. A noite vinha.

Corta

Minério de ferro vermelho. Sol que desce. Saímos da casa dos operários, não, a gente não chamava eles de operários, não... como é que era mesmo?

Estava onde os operários criavam seus bichos. junto de mim uma Zéca icônica, canela fina, o pano amarrado na cabeça.

O chão de terra vermelha  e as bestas, apartadas, mas o que as apartava era totalmente africano. Totalmente africano. os supostos muros "africanos" eram feitos de palha tecida, grossa, coberta de poeira de minério de ferro, vermelho.

E a Zéca me explicava o que cada coisa queria dizer. naqueles 30cm de muro feito de palha estava escrito de quem era aquela terra,  porque cada nó daquela tecitura tinha um significado.

Entendi.

Entendí onde estava e foquei 100% na Zéca ancestral.

Ela me revelou todo o sentido.

O boi pequeno passa pelo buraco da cerca que é feita de ferro, um ferro quase minério. Vermelho. Po onde o gado passa. Quando ele não passa mais, fica preso. E vai ter que mudar de curral. A leitura dos acontecimentos.

Percebo tudo e o fim de tarde alourado é uma revelação.

Já não há mais eu.

Deposito, com a cabeça mais baixa do que a de um lagarto, um tição diante dos pés da Zéca.
O tição de carvão tem significados além da minha compreensão.

A mulher negra, com pano amarrado na cabeça, ícone das nossas serviçais,de canelas finas, me diz.

-- Eu já tinha desistido do Natal, mas você vem aqui e deposita carvão sobre os meus pés? Então eu quero Natal de novo, vou fazer tudo o que é Natal, porque você veio aqui querer saber o que tudo significa. Você vem querer me perguntar o que as nossas tranças significam. Então eu quero te contar tudo.

Estamos no alto da encruzilhada, o sol acaba de se por e lá embaixo há uma estação de trem. Ela me diz que vai lá buscar o livro onde tudo está escrito.

Como se fosse ali, na estação de Burnier.

Eu digo: -- Por favor, já são mais de seis horas!

Ela diz:  -- Mas é um pulo.
é
Aquela mulher sabe tudo o que eu não sei.

Mas pra ela ir alí, de trem, e voltar, pra chegar a uma da manhã, é fácil. É nada, poruqe ela quer que eu entenda tudo desse significado que ninguém sabe.

Eu sou branca, naturalmente depositei o carvão aos seus pés, mas ela percebe essa manifestação como uma revelação.


Me sinto ungida.
Me sinto ungida.

"Nois cá somu Sarvina (Zéca) Bastião e Cristanu... agora te um piguin-ninín qui chama Guin-Guin (gutural)"

Zéca me fez um bolo de aniversário memorável, com laguin azul cm cisnes. Uma casinha, do lado de um tronquinho, feito de rocambole de pão-de-ló, era o zanga-burrinho.

Essa Zéca imemorial que me guiou por esses caminhos ancestrais foi a melhor amiga da minha Tia Laly, irmâ companheira da minha avó, que nunca entenderam essa diferença entre  pretos e brancos.

Acordei e agradecí por ter abaixado minha cabeça para Zéca, para a minha querida Maria Julia, poter r depositado o carvão sobre seus pés e ter buscado entender.

A Zéca ancestral é a minha querida Maria Julia, minha babá, é Coló, é Tereza.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

FLUMINENSE: CAMPEÃO DE 2012, ACABOU NO iRAJÁ

Fluminense! Perdi as minhas esperanças quanto ao destino da nossa bandeira. É SEGUNDONA, não tem perréps. E mais uma vez teremos imensas dificuldades em voltar à competição mais nobre do país.

Porém, tenho certeza de que fomos enganados. Portanto, não quero nem saber quem são os culpados, mas exijo transparência. Quem manda nessa joça? E é só "follow the money", não precisa pensar tanto... Como é que o Abel sai, sem mais aquela? Pra entrar o LUXA? Quando pediram a cabeça do Abel,  já tinham o LUXA em mente???????????? Esse sujeito? Esse flamenguista?* Com todo o meu respeito ao manto rubro-negro. Quem foi que pediu a cabeça? Então, pra esse triste conto de fadas, chamem logo o Abel de volta, e deixem ele comprar 1 jogador. Um zagueirinho só. Porque eu não sei mais quanto tempo o Edinho consegue jogar sem saber se vai pro meio ou vai pra zaga, sem posição - na ZAGA????? e com a torcida contra. Os pobres coitados só conseguem chutar canelas, chegam atrasados em tudo. Sem falar no Leandro Euzébio de centroavante, porque aí já é curtir com a minha cara.



*Porque o único defeito dos flamenguistas é eles não serem também tricolores. 

FACTA, Revista de Gambiologia, #2Acúmulo

Sua avó colecionava santos barrocos mineiros. Eles decoravam a casa toda, lindos, perfeitos. Porém, aqueles Cristos sem braços, sem mãos, que tinham a pintura estragada ou com rachaduras, também tinham seu cantinho. Muito bem arrumados, moravam  sobre uma cômoda que ficava embaixo da escada; O Azyllo dos Santinhos Desamparados. E é claro que eram apreciadíssimos pelos tantos visitantes que apareciam para conhecer a coleção.
Num oratório transformado em vitrine com umas seis prateleirinhas de vidro havia 2 pedaços de um sarcófago, uma galinha com 5.000 anos e outros tantos objetos arqueológicos.
Ela sempre vivera nessa Arca de Noé, nesse jogo de Mico-Preto, em que um objeto tinha sempre que encontrar seu par.
Era durante as férias que podia ficar muitas horas fuçando a sucata, mixto de parque de diversões e quebra-cabeças; fonte inesgotável de negocinhos legais. Foi aí que descobriu a coincidência industrial, que depois ela veio a descobrir que tinha outras tantas conotações.
Foi assim, ela devia ter uns cinco anos. Os adultos sempre em busca de objetos. Devia ser umas quatro horas da tarde e sua mãe chegou de um passeio pelas redondezas com uma cama e uma penteadeira de ferro que eram presente para ela.
Ela olhou para aquilo tudo e percebeu que faltava um detalhe na moldura do espelho da penteadeira feita em ferro forjado.  Ela sabia onde ele estava – na sucata. Num instante correu até lá e voltou, triunfante com a voluta de ferro que faltava em seu presente.
Já tinha desenvolvido o olho.






quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Aquarela

Tenho um marido que é designer especializado em iluminação. Trabalhamos com muitos amigos, arquitetos e decoradores. Já pagamos muito 10% do serviço pra pessoa que indica. É super natural. Já pagamos para amigos queridos. Ninguém sofre. Mas depende demais do tamanho da grana. Do quanto vale a pena e do trabalho que vai dar. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TWA Flight 800

Talvez o Vôo 800 da TWA tenha sido um objeto catártico para um dos meus medos, talvez tenha virado um ícone para consubstanciar (como diria o Millôr) o meu pavor de ser abandonada. Coisa normal, eu acho. 

O voo 800 da TWA, (1964) era de um Boeing 707 que caiu enquanto decolava pela runway 25 do Aeroporto Leonardo da Vinci-Fiumicino Airport, em Roma, para o Aeroporto de Athenas, no dia 23 November 1964, um ano e um dia após o assassinato do Presidente Kennedy.

A tripulação abortou a decolagem com a velocidade abaixo de V1 a 900 metros da cabeceira da pista, mas a aeronave não diminuiu de velocidade tão rápidamente quanto a tripulação esperava e desviou para a direita, na mesma hora em que o motor n.4 batia contra a pista. O avião pegou fogo e ainda correu por 260 metros até parar. 

O acidente matou 50 passageiros e a tripulação a bordo, deixando 23 sobreviventes, entre passageiros e tripulação. 

A coincidência das datas, o fato deles terem morado em Roma, talvez tenha evoluído para esse medo de voar, mas, principalmente, para esse pavor de que  a minha família andasse de avião. 

É possível. 

You Know Who

A pessoa que entrou logo em seguida, tinha as mesmas feições da que saíra.

O sorriso que ofereceu em nada lhe era estranho. Olhou nos seus olhos e sentiu-se segura. Abriu a boca para dizer uma frase banal mas deixou prá lá. Ela sabia que seu quarto tinha tido 4 portas, sendo que duas, eram de duas folhas. O losango de balão no teto. As bandeiras das portas. Ela sabia das duas janelas. Das frestas no assoalho. 

Por isso deixou que as lavas de ódio amornassem. Era sempre melhor ficar calada. Evitar confrontos, conflitos que só serviam pra fazer a lava jorrar, doída. 

Ela, que sempre fora viciada em dicionários, que chegou a acreditar, que as desavenças internacionais eram só questão de mal-entendidos. Que se todos conseguissem usar as palavras dando-lhes, exatamente, o mesmo sentido; que então não haveria mais nem problemas nem guerras. Pois era ela mesma que não conseguia se expressar. Calada, passava por esquisita, mas não louca. Não louca, já estava ótimo. Voltou ao bordado. Teve vontade de jogar tudo longe. Jogar o celular na parede. Arremessar cadeiras. Comer todas as ameixas. Rodar na grama até ficar tonta, se jogar no chão e ficar olhando as nuvens se transfomarem em cavalos, elefantes. Mas ficou quietinha e deixou descerem duas gotas de lava ardente. 

Engoliu e foi pro chuveiro. Debaixo d'água resolveu que ia arranjar um advogado que resolvesse seu grave problema com os vizinhos. Há anos não cantava no chuveiro, mas naquele dia era preciso transformar tudo em água quente. "Levanta! Sacode a poeira e dá volta por cima!" - mitologias familiares.

Li; tomei emprestado de YKW. Confesso que roubei.
Roubei não esse, mas as cidades invisíveis, da mãe de YKW. Mas ela recomendou tanto, falou tanto, encheu tanto o meu saco que tive que roubar. Então vamos dizer que tudo mais são flores. 

Li e viajei demais -- A descrição da melhor festa dos anos 60. 
Andy Warhol.


sábado, 29 de setembro de 2012

HEBE

Em 1970, eu ia fazer 15 anos, no dia 17 de setembro. A minha mãe me levou, como presente, a São Paulo, hospedamo-nos na casa da Fernanda, quando eles moravam no Alto de Pinheiros. Fernando Torres foi conosco ao Museu do Bandeirante e ao Butantã. Num outro dia, fomos jantar no Cacciatore, encontramo-nos com a Tonia. Querida Tonia. Depois de conhecer São Paulo, fomos a Campos de Jordão. A mãe ficava escrevendo na varanda do http://www.hotelvilainglesa.com.br/ parecia até uma coisa inglesa, a cara da mãe.
Fui andar a cavalo. Adorei. Mas fizemos amizade, na hora de almoço e jantar, com familias sãopaulinas. As pessoas achavam a coisa mais impressionante do mundo que a mãe não tivesse televisão. Não possuía o aparelho. E elas só falavam da Hebe. O que as impressionava era que a mãe pudesse sobreviver sem assistir à HEBE!!!

É óbvio que isso me impressionou.

No ano seguinte, eu tinha, de qualquer maneira, que ir ver a Fórmula 1, eu amava a Fórmula 1, eu acompanhava o livro L`Automobile, principalmente aquela que tinha um http://ford-parts.uneedapart.com/images/ford-cobra-parts um Ford Cobra na capa. que aparece no Grand Prix. http://en.wikipedia.org/wiki/Grand_Prix_(1966_film)

Espetáculo!!!

Eu precisava de uma casa pra dormir em São Paulo.

A mãe falou que eu podia falar com o representante da Usina em SP: o Nelson Penteado.

Telefonei, pedi, fui.

Depois da corrida fui pra casa deles. Era perto da Av Paulista, a ujanela dava pra uma pracinha linda. Na casa deles tinha margaridas azuis-turqueza, o quarto da filha era rosa, em cima da mesa tinha uma rosa de prata e eles assistiam à Hebe.

Essas experiências me dão, hoje, a perfeita impressão doque era a HEBE, antes das Redes \de Televisão, antes da rede nacional.

A Hebe era, foi e mantêve-se, no TOP.

O resto do Brasil aprendeu a amá-la.

Eu também aprendí.